17.8.10

"Há dois ou três anos, vivo num "sabor" diferente: como corpo estranho, e por esse mundo assim definido, tomo consciência da situação muito lentamente (...). Estou em meio a uma vida feita toda de músculos, virada pelo avesso como uma luva, que se explica sempre por uma daquelas canções que antes eu detestava, vida absolutamente desprovida de sentimentalismos, em organismo humanos sensuais que chegam quase a mecânicos (...) e nos quais o egoísmo assume formas líticas, viris (...). No mundo setentrional, onde vivi, havia sempre, ou ao menos assim me parecia, na relação entre os invidivíduos, uma sombra de piedade que se traduzia na timidez, no respeito, na angústia, na transferência afetuosa etc. Para se vincular numa relação amorosa, bastava um gesto, uma palavra. Prevalecia o interesse pela interioridade, pela bondade ou maldade que há dentro de nós (...). Aqui, entre esta gente, muito mais tomada pela irracionalidade, pela paixão, a relação é, por sua vez, muito bem definida e se baseia em fatos concretos: desde a força muscular até a posição social."

12.8.10

"The tears of the world are a constant quantity. For each one who begins to weep somewhere else another stops. The same is true of the laugh. Let us not then speak ill of our generation, it is not any unhappier than its predecessors. Let us not speak well of it either. Let us not speak of it at all (...)"

11.8.10

"The cinema substitutes for our gaze a world more in harmony with our desires."

3.8.10

"O amor não foi feito para sermos felizes, mas para nos sentirmos vivos"

agosto sempre tem um gosto amargo de retorno a algo.
nem sempre real ou crível, em uma espécie de memória de fatos nem sempre armazenados ou nem sempre viciados.

(da emergência dos mares que pressentem o desabamento da costa)

29.7.10

"A câmera fotográfica singularizou o instante. E eis que automaticamente saí de mim para me captar tonta de meu enigma, diante de mim, que é insólito e estarrecedor por ser extremamente verdadeiro, profundamente vida nua amalgamada na minha identidade."

28.7.10

"People are fragile things, you should know by now
Be careful what you put them through

It breaks when you don't force it
It breaks when you don't try"

26.7.10

"I photograph only something that has to do with me, and I never did anything that I did not want to do. I do not do editorial and I never do advertising. No, my freedom is something I do not give away easily."

22.7.10

"Gota a gota tomba o silêncio. Condensa-se no telhado da mente e cai por tanques de água abaixo. Para sempre sozinho, sozinho, sozinho – ouço o silêncio tombar e espalhar seus círculos até os mais longínquos recantos. Saciado e repleto, sólido na satisfação da meia-noite, eu, a quem a solidão destrói, deixo que o silêncio tombe gota a gota".

20.7.10

"Your own photography is never enough. Every photographer who has lasted has depended on other peoples pictures too - photographs that may be public or private, serious or funny but that carry with them a reminder of community."

16.7.10

"I am very much aware of my own double self... The well-known one is very under control; everything is planned and very secure. The unknown one can be very unpleasant. I think this side is responsible for all the creative work — he is in touch with the child. He is not rational, he is impulsive and extremely emotional. Perhaps it is not even a "he," but a "she."
"I wanna have an artistic lover to write on my body, so my skin can go on telling our story."

sua face indefinida não como um tormento ou indecisão, mas como um gesto involuntário de proteção.

ama-se uma mulher antes mesmo de defini-la. visualiza-se um corpo antes mesmo de tocá-lo; e uma mente, antes mesmo de ser concebida.

e dos poetas e artistas que foram fulminados por belas mulheres e por belas paixões, perdura em mim a natureza semelhante e a consciência do desconhecido ser a condição do afeto.

15.7.10

Meu filme não é nem uma denúncia nem um sermão. É uma história contada por imagens e eu desejo que se possa ver não o nascimento de um sentimento enganador, mas o modo pelo qual podemos nos enganar nos sentimentos. Pois, repito, nós utilizamos uma moral envelhecida, mitos caducos, velhas convenções. E isso de plena consciência. Por que nós respeitamos uma tal moral?

A conclusão à qual meus personagens chegam não é a anarquia moral. Eles chegam, na verdade, a uma espécie de piedade recíproca. Isso também é velho, vocês me dirão. Mas o que nos resta se isso?

Por exemplo, o que vocês crêem que seja esse erotismo que invadiu a literatura e o espetáculo? É um sintoma, o mais fácil de perceber talvez, da doença que afeta os sentimentos.

Nós não seríamos eróticos, ou seja, doentes de Eros, se Eros fosse uma boa saúde. E, dizendo boa saúde, quero dizer simples, adequada à medida e à condição do homem.

Há então uma doença. E como acontece sempre quando há uma doença, o homem reage. Mas ele reage mal e fica infeliz por conta disso.

Em A Aventura, a catástrofe é uma impulsão erótica desse gênero: barata, inútil, infeliz. E não basta saber que é assim. Pois o herói (que palavra ridícula!) de meu filme percebe inteiramente da natureza grosseira da impulsão erótica que o domina, de sua inutilidade. Mas isso não basta.

Eis um outro mito que cai, essa ilusão de que basta SE CONHECER, analisar-se minuciosamente nas dobras mais recônditas da alma.

Não, isso não basta. A cada dia se vive "A Aventura", seja uma aventura sentimental, moral ou ideológica.

Mas, se nós sabemos que as velhas tabas da lei não oferecem mais que um verbo por demais decifrado, por que permanecemos fiéis a essas tabas? Eis uma obstinação que me parece tristemente comovente.

O homem, que não tem medo do desconhecido científico, tem medo do desconhecido moral”.
"Contarei a história de um eremita. Intelectual, é claro. Por anos ele se alimentou de orvalhos, e na cidade deram-lhe vinho, e ele tornou-se um alcoólatra."
"In short, Meatyard's work challenged most of the cultural and aesthetic conventions of his time and did not fit in with the dominant notions of the kind of art photography could and should be. His work sprang from the beauty of ideas rather than ideas of the beautiful. Wide reading in literature (especially poetry) and philosophy (especially Zen) stimulated his imagination. While others roamed the streets searching for America and truth, Meatyard haunted the world of inner experience, continually posing unsettling questions about our emotional realities through his pictures. Once again, however, he inhabited this world quite differently from other photographers exploring inner experience at the time. Meatyard's "mirror" (as John Szarkowski used the term) was not narcissistic. It looked back reflectively on the dreams and terrors of metaphysical questions, not private arguments of faith or doubt."

13.7.10

"Reality is not always probable, or likely."
"You know, they ask me if I were on a desert island and I knew nobody would ever see what I wrote, would I go on writing. My answer is most emphatically yes. I would go on writing for company. Because I'm creating an imaginary—it's always imaginary—world in which I would like to live."

12.7.10

"I think that ideas exist outside of ourselves. I think somewhere, we're all connected off in some very abstract land. But somewhere between there and here ideas exist. And I think the mind isn't conscious enough to go all the way to where we're connected, but it's conscious of a certain amount of that territory. And when these ideas fly into the conscious part, then you can capture them. But if they're outside of the conscious part, you don't even know about them. So you just hope that you can make the conscious part of your mind bigger or that these ideas will fly into your airspace, so you can shoot them down and grab them and take them home. So that's all you try to do. Sometimes an idea will strike you when you're sitting in a quiet chair. But sometimes an idea will strike you when you're standing. Sometimes music will also help you. If I thought I could just sit still in a quiet place and get ideas, I would do that all the time, but sometimes nothing happens. There's no rhyme or reason to it. But you've got to write them down right away. I forget so many things. Then if I forget it and try to remember it, my whole day is ruined because I can't remember and I feel horrible. And I imagine that it was one of the all time great ideas. And it probably isn't."

"À noite
fantasmas das coisas não ditas
sombras das coisas não feitas
vêm
ante pé
mexer em seus sonhos"
"Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. (...) Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso (...) Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."
"... tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, não me venha com essas história de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara."

11.7.10

"Dizem que nós, seres humanos, somos animais racionais. Nossa crença nessa afirmação, nos leva a menosprezar as emoções e a enaltecer a racionalidade, a ponto de querermos atribuir pensamento racional a animais não-humanos, sempre que observamos neles comportamentos complexos. Nesse processo, fizemos com que a noção de realidade objetiva, se tornasse referência a algo que supomos ser universal e independente do que fazemos, e que usamos como argumento visando a convencer alguém, quando não queremos usar a força bruta."

9.7.10

"I always try to escape categories because where those categories are attached, predictable forms, they really have very much to do with market, or where to market the pictures. I'm interested in what's unpredictable, and I'm interested in what happens in the no-man's-land between known categories."

8.7.10

"No, I don't think you're ever an objective observer. By making a frame you're being selective, then you edit the pictures you want published and you're being selective again. You develop a point of view that you want to express. You try to go into a situation with an open mind, but then you form an opinion, and you express it in your photographs."

"Imagine a world, a universal society, where everything was interpreted as art. Everything had a meaning and a beautiful image to accompany it and we all lived peaceful and eventful lives. Imagine how perfect and almost frightening that is. Now image a poison that could counter that. What if industrialization started to take over. It spreads amongst realists destroys art one by one. The resistance would have to be the most amazing artist and people full of emotion in the world. "

6.7.10

"O fazer artístico é acima de tudo um processo de indagação. Ele demanda habilidade e conhecimento, a valorização da intuição e o saber de que a intuição é muito mais que um pressentimento, casualidade ou sorte, que é a emergência de um conhecimento interior que talvez não sabíamos ter."

"O século XXI me dará razão, por abandonar na linguagem & na ação a civilização cristã oriental & ocidental com sua tecnologia de extermínio & ferro velho, seus computadores de controle, sua moral, seus poetas babosos, seu câncer que-ninguém-descobre-a-causa, seus foguetes nucleares caralhudos, sua explosão demográfica, seus legumes envenenados, seu sindicato policial do crime, seus ministros gangsters, seus gangsters ministros, seus partidos de esquerda-fascistas, suas mulheres navios-escola, suas fardas vitoriosas, seus cassetes eletrônicos, sua gripe espanhola, sua ordem unida, sua epidemia suicida, seus literatos sedentários, seus leões-de-chácara da cultura, seus pró-Cuba, seus anti-Cuba, seus capachos do PC, seus bidês da direita, seus cérebros de água-choca, suas mumunhas sempiternas, suas xícaras de chá, seus manuais de estéticas, sua aldeia global, seu rebanho-que-saca, suas gaiolas, seu jardinzinhos com vidro fumê, seus sonhos paralíticos de televisão, suas cocotas, seus rios cheios de sardinha, suas preces, suas panquecas recheadas com desgosto, suas últimas esperanças, suas tripas, seu luar de agosto, seus chatos, suas cidades embalsamadas, sua tristeza, seus cretinos sorridentes, sua lepra, sua jaula, sua estrictina, seus mares de lama, seus mananciais de desespero."
"Eu estou farto de muita
coisa
não me transformarei
em subúrbio
não serei uma válvula sonora
não serei paz
eu quero a destruição
de tudo que é frágil:
cristãos fábricas palácios
juízes patrões e operários
uma noite destruída cobre os dois sexos
minha alma sapateia feito louca
um tiro de máuser atravessa o
tímpano de
duas centopéias
o universo é cuspido pelo cu
sangrento
de um Deus-Cadela
as vísceras se comovem
eu preciso dissipar o encanto do meu velho
esqueleto
eu preciso esquecer que existo
mariposas perfuram o céu de cimento
eu me entrincheiro no Arco-Íris
Ah voltar de novo à janela
perder o olhar nos telhados
como
se fossem o Universo
o girassol de Oscar Wilde
entardece sobre os tetos
eu preciso partir um dia para muito longe
o mundo exterior tem pressa demais para mim
São Paulo e a Rússia não podem parar
quando eu ia ao colégio Deus tapava os ouvidos para mim?"

5.7.10

"Para que haja a arte, para que haja a ação ou uma contemplação estética qualquer, é indispensável uma precondição fisiológica: a embriaguez. É mister que a embriaguez tenha aumentado a irritabilidade de toda a máquina; sem isso a arte é impossível. Todos os tipos de embriaguez, ainda que estejam condicionados o mais diretamente possível, têm potência artística, e acima de todos, a embriaguez da excitação sexual, que é a mais antiga e primitiva forma de embriaguez. Da mesma forma, a embriaguez que nasce como conseqüência de todo grande desejo, de toda e qualquer afecção forte; a embriaguez da festa, do combate, dos atos de bravura, da vitória, de todo e qualquer movimento extremo; a embriaguez da crueldade; a embriaguez da destruição; a embriaguez produzida por certas condições meteorológicas, por exemplo, a embriaguez primaveril; ou a embriaguez produzida pelos narcóticos; por fim, a embriaguez da vontade, a embriaguez de uma vontade acumulada e dilatada.

O essencial na embriaguez é o sentimento de plenitude e de elevação da força. Sob a influência desse sentimento, nos abandonamos às coisas, obrigamo-las a nos tomar, as violentamos (...)."

"O homem é um ser que procura. O que caracteriza o ser humano é a necessidade de procurar e procurar por distintos caminhos, que podem ser contraditórios. Não sabemos se encontramos e não sabemos se o que encontrámos é alguma vez o que estávamos procurando, ou se não há mais o que procurar depois de haver encontrado algo. Portanto, somos seres de procura."
"I'll take a quiet life,
a handshake of carbon monoxide"

4.7.10

"Paris - Toda vez que chego a Paris tenho um ritual particular. Depois de dormir algumas horas, dou uma espanada no rodenirterceiromundista e vou até Notre-Dame. Acendo vela, rezo, fico olhando a catedral imensa no coração do Ocidente. Sempre penso em Joana d'Arc, heroína dos meus remotos 12 anos; no caminho de Santiago de Compostela, do qual Notre-Dame é o ponto de partida - e em minha mãe, professora de História que, entre tantas coisas mais, me ensinou essa paixão pelo mundo e pelo tempo.

Sempre acontecem coisas quando vou a Notre-Dame. Certa vez, encontrei um conhecido de Porto Alegre que não via pelo menos há 20 anos. Outra, chegando de uma temporada penosa numa Londres congelada e aterrorizada por bombas do IRA, na época da Guerra do Golfo, tropecei numa greve de fome de curdos no jardim em frente. Na mais bonita dessas vezes, eu estava tristíssimo. Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo - nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver 'como um danado',feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.

Enrolado num capotão da Segunda Guerra, naquela tarde em Notre-Dame rezei, acendi vela, pensei coisas do passado, da fantasia e memória, depois saí a caminhar. Parei numa vitrina cheia de obras do conde Saint-Germain, me perdi pelos bulevares da le dela Cité. Então sentei num banco do Quai de Bourbon, de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, no outro lado da rua. Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa: 'II y a toujours quelque choe d'abient qui me tourmente' (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) - frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia aplaca, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.

Fazia frio, garoava fino sobre o Sena, daquelas garoas tão finas que mal chegam a molhar um cigarro. Copiei a frase numa agenda. E seja lá o que possa significar 'ficar bem' dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve - fiquei bem. Tomei um Calvados, entrei numa galeria para ver os desenhos de Egon Schiele enquanto a frase de Camille assentava aos poucos na cabeça. Que algo sempre nos falta - o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, faz parte. E atormenta.

Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente. Três anos depois fui parar em Saint-Nazaire, cidadezinha no estuário do rio Loire, fronteira sul da Bretanha. Lá, escrevi uma novela chamada Bem longe de Marienbad , homenagem mais à canção de Barbara que ao filme de Resnais. Uma tarde saí a caminhar procurando na mente uma epígrafe para o texto. Por 'acaso', fui dar na frente de um centro cultural chamado (oh!) Camille Claudel. Lembrei da agenda antiga, fui remexer papéis. E lá estava aquela frase que eu nem lembrava mais e era, sim, a epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só daquele texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei.

Pego o metrô, vou conferir. Continua lá, a placa na fachada da casa número 19 do Quai de Bourbon, no mesmo lugar. Quando um dia você vier a Paris, procure. E se não vier, para seu próprio bem guarde este recado: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo."

3.7.10

"What makes a good photograph for you? Detachment, lack of sentimentality, originality, a lot of things that sound rather empty. I know what they mean. Let’s say, “visual impact” may not mean much to anybody. I could point it out though. I mean it’s a quality that something has or does not have. Coherence. Well, some things are weak, some things are strong..."

"Me perguntam, assim, o que tu achas de tal coisa. Pô, eu não sei o quê que eu acho. Na hora eu acho uma coisa, meia hora depois eu posso achar outra. Eu não tenho opinião definida sobre nada. Não acho que isso seja insegurança. Acho que é abertura, acho que tudo é passível de uma outra interpretação…

Eu fico completamente baratinado quando começam a me perguntar o que vai ser, o que vai acontecer com tal coisa. Sei lá, eu não sei onde é que eu vou estar amanhã. Eu sei o quê que eu tô fazendo hoje, agora, o resto não interessa.

Talvez o mal é que a gente pede amor o tempo todo. Não se preocupa nunca em dar amor, sem esperar reciprocidade… Eu perdi, eu tenho consciência absoluta de que eu perdi a oportunidade de amor mais viva e mais profunda que me foi oferecida até hoje. E agora eu não posso fazer mais nada.

A gente tá se perdendo todos os dias, pedindo pra pessoas erradas. Mas o negócio é procurar. A gente não se recusar a se entregar a qualquer tipo de amor ou de entrega. Eu nunca vi por que evitar a fossa. Se a fossa veio é porque ela tinha que vir, o negócio é viver ela e tentar esgotar ela. A gente, quando tenta analisar qualquer problema, sempre vai aprofundando, aprofundando, até que chega nesse fundo que é amor sempre.

Eu consigo me expressar muito melhor escrevendo do que falando. Tem um negócio que eu escrevi aqui nesse conto, é um conto chamado “Apenas uma maçã”: porque é certo que as pessoas estão sempre crescendo e se modificando, mas estando próximas, uma vai adequando seu crescimento e a sua modificação ao crescimento e à modificação da outra. Mas estando distantes, uma cresce e se modifica num sentido e outra noutro, completamente diferente, distraídas que ficam da necessidade de continuarem as mesmas uma para a outra. Uma pessoa quando tá longe vive coisas que não te comunica e tu aqui vive coisas que não comunica a ela. Então vocês vão se distanciando e quando vocês se encontram, vocês vão falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E aí ele vai te falar por cima de tudo o que ele viveu e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam elas estão irremediavelmente perdidas uma pra outra.

A gente sempre procura um amor que dure o mais possível. Procura, procura, talvez tu aches. Pra mim é horrível eu aceitar o fato de que eu tô em disponibilidade afetiva. Esse espaço branco entre dois encontros pode esmagar completamente uma pessoa. Por isso eu acho que a gente se engana, às vezes. Aparece uma pessoa qualquer e então tu vai e inventa uma coisa que na realidade não é. E tu vai vivendo aquilo, porque não agüenta o fato de estar sozinho… Eu me sinto superfeliz quando encontro uma pessoa tão confusa quanto eu…

Quando eu escrevo eu consigo ordenar tudo aquilo que eu penso. Agora, quando eu falo ou quando eu sou, simplesmente, não consigo ordenar nada. Eu sou da maneira mais caótica possível."

29.6.10

"Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias. Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que de cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente. Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma outra alegria além de ti.
(...) Não quero me afogar: Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara."

26.6.10

"I never told you I'd love you all my life. Oh my love, you never swore to adore me all your life. We never made promises like that, knowing me knowing you. We never thought we ever would be caught by love fickle as we were. And yet, and yet, step by step, without a word between us, bit by bit, feelings slipped between our merry mingle bodies and words of love rose to our naked lips. Bit by bit lots of words of love began to mingle gently with our kisses. How many words of love? I never would have thought I'd always want you. Oh my love, we never would have thought we two could live together and not get bored. Wake up every morning and be just as surprised to be just as happy in the same bed, desire nothing more than that oh so banal pleasure of feeling so good to be together. And yet, and yet, step by step without a word between us, bit by bit our feelings bound us tight in spite of ourselves, bound us tight forever Feelings stronger than any words of love known or unknown. Feelings so wild and so strong. Feelings we never thought were possible before. Don't ever promise to adore me all your life. Let's not make promises like that knowing me knowing you. Let's keep the feeling that this love of ours, this love of ours, will be short and sweet."

25.6.10

"O que há é o só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.

Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca."

24.6.10

"What counts is the capacity to hear oneself, to look deep inside oneself... Inside where the man of instinct begins, there, fortunately all theory breaks down."

23.6.10

"(...) yes he wants to trade the game he knows for shelter."

a casualidade destrói do pescoço até os dedos do pé, por mais que a nomeiem de expectativas.
expectativas não destroem, surge apenas como a inerente pulsação constante de alguma intimidade. ela não sucumbe, ela enraíza.

os muros não são inerentes, são construídos e lapidados por si mesmo.
o modismo e a atual suposta etiqueta não servem como parâmetros para criá-los, o desejo deveria ser o que mais resiste a qualquer fator da vez.

buscar abrigo não diminui ninguém, não cria fraqueza.
certas pessoas que não estão dispostas ao abrigo.

"Anyone who's ever had a hole in the heart
Knows how hard it is to start a new day"

22.6.10

"There's no subsitute for human flesh"

19.6.10

"Na verdade, são poucos os que sabem da existência de um pequeno cérebro em cada um dos dedos da mão, algures entre a falange, a falanginha e a falangeta. Aquele outro órgão a que chamamos cérebro, esse com que viemos ao mundo, esse que transportamos dentro do crânio e que nos transporta a nós para que o transportemos a ele, nunca conseguiu produzir senão intenções vagas, gerais, difusas, e sobretudo pouco variadas, acerca do que as mãos e os dedos deverão fazer. Por exemplo, se ao cérebro da cabeça lhe ocorreu a ideia de uma pintura, ou música, ou escultura, ou literatura, ou boneco de barro, o que ele faz é manifestar o desejo e ficar depois à espera, a ver o que acontece. Só porque despachou uma ordem às mãos e aos dedos, crê, ou finge crer, que isso era tudo quanto se necessitava para que o trabalho, após umas quantas operações executadas pelas extremidades dos braços, aparecesse feito. Nunca teve a curiosidade de se perguntar por que razão o resultado final dessa manipulação, sempre complexa até nas suas mais simples expressões, se assemelha tão pouco ao que havia imaginado antes de dar instruções às mãos. Note-se que, ao nascermos, os dedos ainda não têm cérebros, vão-nos formando pouco a pouco com o passar do tempo e o auxilio do que os olhos vêem. O auxilio dos olhos é importante, tanto quanto o auxílio daquilo que por eles é visto. Por isso o que os dedos sempre souberam fazer de melhor foi precisamente revelar o oculto. O que no cérebro possa ser percebido como conhecimento infuso, mágico ou sobrenatural, seja o que for que signifiquem sobrenatural, mágico e infuso, foram os dedos e os seus pequenos cérebros que lho ensinaram. Para que o cérebro da cabeça soubesse o que era a pedra, foi preciso primeiro que os dedos a tocassem, lhe sentissem a aspereza, o peso e a densidade, foi preciso que se ferissem nela. Só muito tempo depois o cérebro compreendeu que daquele pedaço de rocha se poderia fazer uma coisa a que chamaria faca e uma coisa a que chamaria ídolo. O cérebro da cabeça andou toda a vida atrasado em relação às mãos, e mesmo nestes tempos, quando nos parece que passou à frente delas, ainda são os dedos que têm de lhe explicar as investigações do tacto, o estremecimento da epiderme ao tocar o barro, a dilaceração aguda do cinzel, a mordedura do ácido na chapa, a vibração subtil de uma folha de papel estendida, a orografia das texturas, o entramado das fibras, o abecedário em relevo do mundo. E as cores. Manda a verdade que se diga que o cérebro é muito menos entendido em cores do que crê. É certo que consegue ver mais ou menos claramente visto o que os olhos lhe mostram, mas as mais das vezes sofre do que poderíamos designar por problemas de orientação sempre que chega a hora de converter em conhecimento o que viu. Graças à inconsciente segurança com que a duração da vida acabou por dotá-lo, pronuncia sem hesitar os nomes das cores a que cha ma elementares e complementárias, mas imediatamente se perde, perplexo, duvidoso, quando tenta formar palavras que possam servir de rótulos ou dísticos explicativos de algo que toca o inefável, de algo que roça o indizível, aquela cor ainda de todo não nascida que, com o assentimento, a cumplicidade, e não raro a surpresa dos próprios olhos, as mãos e os de dos vão criando e que provavelmente nunca chegará a receber o seu justo nome. Ou talvez já o tenha, mas esse só as mãos o conhecem, porque compuseram a tinta como se estivessem a decompor as partes constituintes de uma nota de música, porque se sujaram na sua cor e guardaram a mancha no interior profundo da derme, porque só com esse saber invisível dos dedos se poderá alguma vez pintar a infinita tela dos sonhos. Fiado do que os olhos julgaram ter visto, o cérebro da cabeça afirma que, segundo a luz e as sombras, o vento e a calma, a humidade e a secura, a praia é branca, ou amarela, ou dourada, ou cinzenta, ou roxa, ou qualquer coisa entre isto e aquilo, mas depois vêm os dedos e, com um movimento de recolha, como se estivessem a ceifar uma seara, levantam do chão todas as cores que há no mundo. O que parecia único era plural, o que é plural sê-lo-á ainda mais. Não é menos verdade, contudo, que na fulguração exaltada de um só tom, ou na sua musical modulação, estão presentes e vivos todos os outros, tanto os das cores que já têm nome como os das que ainda o esperam, do mesmo modo que uma extensão de aparência lisa poderá estar cobrindo, ao mesmo tempo que os manifesta, os rastos de todo o vivido e acontecido na história do mundo. Toda a arqueologia de materiais é uma arqueologia humana. O que este barro esconde e mostra é o trânsito do ser no tempo e a sua passagem pelos espaços, os sinais dos dedos, as raspaduras das unhas, as cinzas e os tições das fogueiras apagadas, os ossos próprios e alheios, os caminhos que eternamente se bifurcam e se vão distanciando e perdendo uns dos outros. Este grão que aflora à superfície é uma memória, esta depressão a marca que ficou de um corpo deitado. O cérebro perguntou e pediu, a mão respondeu e fez. Marta disse-o de outra maneira, Já lhe apanhou o jeito."
"(...) ao homem não é dado escolher o lugar onde há-de morrer, salvo se é ele a escolher a própria morte, mas porque sinto a falta do rio da minha terra, bem sei que água tem-na o mar de sobra, vê-se daqui, mas digam-me o que pode um homem fazer daquela imensidão, sempre a onda a marrar nas pedras, sempre a bater na areia, ao passo que o rio corre entre duas margens, é como uma procissão penitente, ele é que vai rasteirinho, e nós, de pé, olhando, somos como os freixos e os choupos, e quando um homem quer ver como está a sua cara, se envelheceu muito, a água é o espelho que passa e está parado, e nós que estamos parados é que vamos passando (...)"

18.6.10

"Por um instante a morte soltou-se a si mesma, expandindo-se até às paredes, encheu o quarto todo e alongou-se como um fluido até à sala contígua, aí uma parte de si deteve-se a olhar o caderno que estava aberto sobre uma cadeira, era a suite número seis opus mil e doze em ré maior de johann sebastian bach composta em cöthen e não precisou de ter aprendido música para saber que ela havia sido escrita, como a nona sinfonia de beethoven, na tonalidade da alegria, da unidade entre os homens, da amizade e do amor. Então aconteceu algo nunca visto, algo não imaginável, a morte deixou-se cair de joelhos, era toda ela, agora, um corpo refeito, e por isso é que tinha joelhos, e pernas, e pés, e braços, e mãos, e uma cara que entre as mãos escondia, e uns ombros que tremiam não se sabe porquê, chorar não será, não se pode pedir tanto a quem sempre deixa um rasto de lágrimas por onde passa, mas nenhuma delas que seja sua. Assim como estava, nem visível nem invisível, em esqueleto nem mulher, levantou-se do chão como um sopro e entrou no quarto."

12.6.10

"E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também."
"Fico tão cansada às vezes, e digo pra mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. E fumo, e fico horas sem pensar absolutamente nada: (...)
Claro, é preciso julgar a si próprio com o máximo de rigidez, mas não sei se você concorda, as coisas por natureza já são tão duras para mim que não me acho no direito de endurecê-las ainda mais."

9.6.10

"But it doesn't work without the necessary push. A bit of laughter, a man... a beautiful woman and love. Let's start over. At the beginning, it was man alone."

2.6.10

"Thinking is not unifying or making the appearance familiar under the guise of a great principal. Thinking is learning all over again how to see, directing one’s consciousness, making of every image a privileged place."

25.5.10

"Somos nuestra memoria, somos ese quimérico museo de formas inconstantes, ese montón de espejos rotos."

24.5.10

"Mas na realidade não há nenhum eu, nem mesmo no mais simples, não há uma unidade, mas um mundo plural, um pequeno firmamento, um caos de formas, de matizes, de situações, de heranças e possibilidades."

18.5.10

"Had he spoken of himself, of himself as he was or wished to be? Stephen watched his face for some moments in silence. A cold sadness was there. He had spoken of himself, of his own loneliness which he feared."

17.5.10

"O amor, o sono, as drogas e intoxicantes, são formas elementares da arte, ou, antes, de produzir o mesmo efeito que ela. Mas amor, sono e drogas têm cada um a sua desilusão. O amor farta ou desilude. Do sono desperta-se, e, quando se dormiu, não se viveu. As drogas pagam-se com a ruína de aquele mesmo físico que serviram de estimular. Mas na arte não há desilusão porque a ilusão foi admitida desde o princípio. Da arte não há despertar, porque nela não dormimos, embora sonhássemos. Na arte não há tributo ou multa que paguemos por ter gozado dela."
"Na vida de hoje, o mundo só pertence aos estúpidos, aos insensíveis e aos agitados. O direito a viver e a triunfar conquista-se hoje quase pelos mesmos processos por que se conquista o internamento num manicômio: a incapacidade de pensar, a amoralidade, e a hiperexcitação."

"O cansaço de todas as ilusões e de tudo que há nas ilusões – a perda delas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perdê-las, a mágoa de as ter tido, a vergonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim."

"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."


a casualidade não se louva, através da pele degenera-se a intimidade em poucas horas.


a honestidade vira uma arma carregada e apontada para o próprio rosto.
expondo os muros internos, nos tornamos alvos facéis ao outro. o que assusta não é a velocidade, e sim, o temor de lidar com a falta de disfarces alheia. certas pessoas não suportam, sucubem em suas próprias incapacidades e justificam-se com fugazes defesas. o abandono torna-se o escape de egos não preparados para o que não reside na superfície.

(o sublime do que haveria de vir torna-se um vácuo de possibilidades mortas)

14.5.10

"An artist never works under ideal conditions. If they existed, his work wouldn't exist, for the artist doesn't live in a vacuum. Some sort of pressure must exist. The artist exists because the world is not perfect. Art would be useless if the world were perfect, as man wouldn't look for harmony but would simply live in it. Art is born out of an ill-designed world."

11.5.10

no bom e velho idioma: i won't change who i am just to please others.


"(...) The nice guy personality is usually developed at a young age and is probably shaped by the guy's parents. For example, he found some men with the nice guy persona were heavily influenced by their mothers. Other men were trying to avoid a macho-male personality or philandering behavior displayed by the father.
(...)
Despite this attitude, some dating coaches say that women should keep an open mind. The negative stereotypes of a nice guy aren't always true; the men aren't always timid or easy pushovers. While the nice guys may not be as forward or loud, their selfless personality can be valuable to a lasting relationship, they say.
(....)
Sometimes, all it takes is for the girl to give the nice guy a chance."

8.5.10

"O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, 'esse lugar confuso', o amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida"

3.5.10

"A man who procrastinates in his choosing will inevitably have his choice made for him by circumstance."

1.5.10

"Você não existe. Eu não existo. Mas estou tão poderoso na minha sede que inventei a você para matar a minha sede imensa. Você está tão forte na sua fragilidade que inventou a mim para matar a sua sede exata. Nós nos inventamos um ao outro porque éramos tudo o que precisávamos para continuar vivendo. E porque nos inventamos um ao outro, porque éramos tudo o que precisávamos, para continuar vivendo. E porque nos inventamos, eu te confiro poder sobre o meu destino e você me confere poder sobre o teu destino. Você me dá seu futuro, eu te ofereço meu passado. Então e assim, somos presente, passado e futuro. Tempo infinito num só, esse é o eterno."
"Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio."

30.4.10

"Metropolis by day and night, a surreal city lived-in by surreal people…More than showing the chaos of the metropolis this project focuses on single souls, walking down the streets, anonymous bodies, like ghosts in a ghost town…like the feeling that I have when I’m walking down the streets of a big metropolis like New York even if it’s full of people…"

28.4.10

pelas minhas contas, eu namorei nem 1% da minha vida, sendo que eu queria ter namorado cerca de 30% da minha vida.

(prefiro omitir as divagações)

27.4.10

"It's an idea, someday
in my tears, my dreams
don't you want to see her proof?
Life that comes of no harm
you and I, you and I and dominoes, the day goes by...

You and I in place
wasting time on dominoes
a day so dark, so warm
life that comes of no harm
you and I and dominoes, time goes by...

Fireworks and heat, someday
hold a shell, a stick or play
overheard a lark today
losing when my mind's astray
don't you want to know with your pretty hair
stretch your hand, glad feel,
in an echo for your way.

It's an idea, someday..."



teorizo, teorizo ao limite.
e num dia e numa hora que menos esperava, todo o meu racional é consumido por uma desconhecida que vira um eco na minha mente.

(por uma constante possibilidade de cumplicidade)

24.4.10

"You can chain me, you can torture me, you can destroy this body, but you will never imprison my mind."
"Fiction is about what is to be a human being."

22.4.10

o quanto que uma pessoa pode odiar a si mesmo?
até não restar mais nada de si mesmo?

se deixarmos outra pessoa nos dizer o que somos ou que não merecemos ser amados, criamos um buraco no estômago que, com o tempo, irá nos comer vivos.

20.4.10

"a beautiful girl can turn your world into dust"

do que não se explica: uma beleza que não se nomeia, incorporada em si antes mesmo de ser íntima.

(não a beleza de antes, mas de uma inesperada beleza em uma quinta cedo)

19.4.10

"to all chances never seized
untaken opportunities,
to all the paths i didn't take
and all the plans i never made.
(...)
to all the risks i was too scared
and all the love i never dared
to all the friends i never had
and all the things i never said
to all the hands i never held
and every feeling left unfelt
to all the words i didn't hear
to all my loneliness and fear
to all the tears i never cried
to every dream that slowly died
to all sunsets i missed out
to everything i lived without
to life, to love, to luck, to fate,
i won't regret, it's not too late."
"I try to be a photographer. I cannot talk. I am not interested in talking. If I have anything to say, it may be found in my images. I am not interested in talking about things, explaining about the whys and the hows. (...)"
"In photography there is a reality so subtle that is becomes more real than reality."


"Photography is way to tell others how you feel about what you see."
"Falaram então sobre as paixões, os enganos, as carências e todas essas coisas que acontecem no coração da gente e tudo, e nada."

existo em uma outra vida paralela à este domingo.
onde há uma pele que estanca feridas de noites nômades e estrangeiras.

18.4.10

quando a mídia quer, ela é impetuosa e cruel, ao extremo. ela distorce a comunicação em algo discriminatório e falacioso. alguns palhaços fazem mal uso do fotojornalismo para garantir o sustenso próprio porque estão sendo pagos para denunciar uma festa. enquanto nos arredores da festa, deveriam realmente estar denunciando uma são paulo suja e excludente.

15.4.10

"Chegar ao centro, sem partir-se em mil fragmentos pelo caminho. Completo, total. Sem deixar pedaço algum para trás."

do meu rotineiro embate entre um sol em aquário e uma lua em leão, e toda confusão emocional que traz consigo, a segunda opção deve falar mais alto. um pouco de amor-próprio e aceitação das próprias peculiaridades. carregada de um certo orgulho até.

(saturado do estado de incapaz)

14.4.10

"I am adding another language to the spoken language, I am trying to restore the language of speech to its old magic, its essential spellbinding power, for its mysterious possibilities have been forgotten."

12.4.10

"I need to be alone. I need to ponder my shame and despair in seclusion; I need the sunshine and the paving stones of the streets without companions, without conversation, face to face with myself, with only the music of my heart for company."

9.4.10

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

7.4.10

"Forget about good. Good is a know quantity. Good is what we all agree on. Growth is not necessarily good. Growth is an exploration of unlit recesses that may or may not yield to our research. As long as you stick to good you'll never have real growth."
"My role in society, or any artist's or poet's role is to try and express what we feel. Not to tell people how to feel. Not as a preacher, not as leader, but as a reflection of us all."

5.4.10

"I'm not going to change the way I look or the way I feel to conform to anything. I've always been a freak. So I've been a freak all my life and I have to live with that, you know. I'm one of those people."

3.4.10

tudo o que é fixo necessita distorção.

certas emoções são sucumbidas a um vácuo de adaptação,
à uma frustração evoluída em imagem.



("o trabalho faz o homem")

prefiro pensar que o trabalho sublima o homem, salva o homem de si mesmo.
em sua própria inércia e incapacidade de satisfação emocional.

31.3.10

"I like really old films. You can really see what the world looked like, thirty, fifty, a hundred years ago. You know the clothes, the telephones, the trains, the way people smoked cigarettes, the little details of life. The best films are like dreams you're never sure you've really had. I have this image in my head of a room full of sand. And a bird flies towards me, and dips its wing into the sand. And I honestly have no idea whether this image came from a dream, or a film. Sometimes I like it in films when people just sit there, not saying anything."

27.3.10

"Esse era o meu problema e o meu desafio: aprender a viver e a desfrutar dentro de mim. E a questão não é simples: hindus, chineses, japoneses, todos os que têm culturas milenares, dedicam boa parte do seu tempo a desenvolver filosofias e técnicas de vida interior. Mesmo assim, todo ano se suicidam no mundo uns tantos milhares de pessoas, esmagadas por sua própria solidão. E não é que o sujeito escolha ficar sozinho. É que, pouco a pouco, vai-se ficando sozinho. E não há remédio. É preciso resistir. Chega-se a uma imensa planície deserta e não se sabe que porra fazer. Muitas vezes se pensa que o melhor é não pensar muito em si mesmo e na maldita solidão, que fica mais aguda quando se está isolado e em silêncio. Bom, pois é preciso entrar em ação. E a gente sai por aí. Em busca de (...) Não sei."
"Em algumas ocasiões, era tão horrível para mim ir à repartição que eu chegava ao ponto de, muitas vezes, voltar doente do trabalho. Mas, de repente, sem mais nem menos, começava uma fase de ceticismo e indiferença (comigo tudo acontecia em fases), e eu mesmo começava a rir de minha intolerância e minhas aversões e censurava a mim mesmo pelo meu romantismo. Num determinado momento, não queria falar com ninguém; em outro, não só procurava conversa com alguém, como até mesmo decidia tornar-me seu amigo. De repente, sem mais nem menos, toda a aversão desaparecia. Quem sabe ela nunca tivesse existido realmente em mim, e fosse apenas pose tirada dos livros? Até agora não solucionei essa questão."

23.3.10

"do the elderly couples still kiss and hug and grab their big wrinkly skin... "

(...)

"in my dream you picked my leg, and made me so happy."



um dos filmes que mais me tocaram recentemente foi um curta de 30 minutos de um diretor que eu andava desacreditado.

quase que com pura precisão, vi um relance da maioria dos meus sonhos diários. e ao acordar, a subjetividade de Animal Collective. na primeira música que conheci deles.

19.3.10

sou feito da personalidade que escolhem que eu seja do que de fato sou.

quaisquer movimentos bruscos de aproximação,
a linguagem é dizimada e elas tornam-se mudas.

em uma incomunicável passagem entre o íntimo e o estranho,
transita-se um campo quase abstrato de nunca existir afirmações, apenas hipóteses.

o denominador em comum:
permaneço alheio e estranho.

(constantemente vago, porém menos inquieto)

17.3.10

"love is a virus."

we can heal for a while, but we will never find the cure.

15.3.10

"Meu coração não se cansa
De ter esperança
De um dia ser tudo o que quer
Meu coração de criança
Não é só a lembrança
(...)
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim."
"We are born with a scream; we come into life with a scream, and maybe love is a mosquito net between the fear of living and the fear of death."
"A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação. O que sinto, na verdadeira substância com que o sinto, é absolutamente incomunicável; e quanto mais profundamente o sinto, tanto mais incomunicável é. Para que eu, pois, possa transmitir a outrem o que sinto, tenho que traduzir os meus sentimentos na linguagem dele, isto é, que dizer tais coisas como sendo as que eu sinto, que ele, lendo-as, sinta exatamente o que eu senti. E como este outrem é, por hipótese de arte, não esta ou aquela pessoa, mas toda a gente, isto é, aquela pessoa que é comum a todas as pessoas, o que, afinal, tenho que fazer é converter os meus sentimentos num sentimento humano típico, ainda que pervertendo a verdadeira natureza daquilo que senti.

Tudo quanto é abstrato é difícil de compreender, porque é difícil de conseguir para ele a atenção de quem o leia. Darei, por isso, um exemplo simples, em que as abstrações que formei se concretizarão. Suponha-se que, por um motivo qualquer, que pode ser o cansaço de fazer contas ou o tédio de não ter que fazer, cai sobre mim uma tristeza vaga da vida, uma angústia de mim que me perturba e inquieta. Se vou traduzir esta emoção por frases que de perto a cinjam, quanto mais de perto a cinjo, mais a dou como propriamente minha, menos, portanto, a comunico a outros. E, se não há comunicá-la a outros, é mais justo e mais fácil senti-la sem a escrever."

11.3.10

"How good, how good does it feel to be free?
And i answer them most mysteriously
Are birds free from the chains of the skyway?"

10.3.10

"Sempre há alguma coisa que falta. Guarde isso sem dor, embora, em segredo, doa."

5.3.10

"Of course, there will always be those who look only at technique, who ask 'how', while others of a more curious nature will ask 'why'. Personally, I have always preferred inspiration to information."

28.2.10

"Meus olhos quase verdes de tanto amor recusado, emoções informuladas pelo silêncio de noturna precisão - tudo convergindo para a pedra."

(o abismo opera na criação)

23.2.10

"The truth is always an abyss. One must - as in a swimming pool - dare to dive from the quivering springboard of trivial everyday experience and sink into the depths, in order to late rise again - laughing and fighting for breath - to the now doubly illuminated surface of things."

20.2.10

"A única subjetividade é o tempo, o tempo não-cronológico (...) somos nós que somos interiores ao tempo (...) a interioridade na qual estamos, nos movemos, vivemos e mudamos."


(...)

"Outras imagens se apresentam, misturam-se no museu que talvez seja o da sua memória."

18.2.10

"I'm free, I think. I shut my eyes and think hard and deep about how free I am, but I can't really understand what it means. All I know is I'm totally alone. All alone in an unfamiliar place, like some solitary explorer who's lost his compass and his map. Is this what means to be free?"

4.2.10

"Tudo parece que é ainda construção mas é ruína..."

cansaço demais deveria extravasar pelos poros, e tornar a pele líquida.
os tecidos também sucumbiriam, e restariam apenas a desolação dos ossos.

(que em tais momentos, sinto isto e não tenho a quem exprimir)


ou por apenas excesso de puro azar, ou que não nasci muito pra isto.
e sou impedido de uma certa normalidade em ter romances, e toda a beleza que sinto que acompanha. uma tal beleza que também extravasa os poros, mas que não é líquida, é sólida.

vou sendo consumindo por ilusões e a minha idade torna-se um símbolo do que eu deveria viver, e não vivo.
restam apenas as tais das noites insuportáveis: o único realismo que define um cotidiano entorpecido e desolado.

30.1.10

"There is no intensity of love or feeling that does not involve the risk of crippling hurt. It is a duty to take this risk, to love and feel without defense or reserve."


"All love is expansion, all selfishness is contraction. Love is therefore the only law of life. He who loves lives, he who is selfish is dying. Therefore love for love's sake, because it is law of life, just as you breathe to live."



nenhum abismo é alcançado sem riscos: o confrontamento das inseguranças, ansiedades e (mais) noites insones. sem abismos, restariam apenas avenidas e ruas planejadas, e a tal da solitude disforme.

há meses que não opto mais pelo isolamento, há meses a futura certeza de um amor novamente possível e duradouro.

(que o concreto primeiro surge na projeção e idéia que é feita de algo)

10.1.10

"A solidão desola-me, a companhia oprime-me. A presença de outra pessoa descaminha-me os pensamentos; sonho a sua presença com uma distracção especial, que toda a minha atenção analítica não consegue definir."


além da cruel constatação de que somos todos sozinhos, sendo a morte da consciência o maior exemplo disto, não acho assim tão plausível a tal da solidão plena e independente. em muitos casos, creio que há falsas personas, uma necessidade de mostrar-se independente perante o mundo. de pessoas que criticam os solitários angustiados, sendo que muitos dos que criticam também são gêmeos dos solitários angustiados. a diferença é que eles escolheram fazer uso do disfarce. ou da indiferença de si mesmos.

e mesmo com o entendimento do fato de que ninguém, ou nenhuma espécie de amante, preenche o relutante vazio (a ilusão dele ser preenchido é dizimado na fúria da adolescência), há angústia sim, em cotidiano sem romance, e sem companhia. sem pele alheia. e sem intimidade.

o maior exemplo vivo, na minha memória, foi a gradual perda da lucidez do meu avô, após a morte da minha avó. diferente dos que escrevem em blog ou que usam outros meios como forma de disfarce da angústia, ou da falta de alguém, meu avô clamava em alto e bom tom a ausência dela. pedia para que de algum modo ela o ouvisse. e todos da família ouviam e ficavam impotentes. sendo eu um deles. e ele acabou falecendo 4 anos depois, no mesmo mês do ano que ela havia falecido, e quase no mesmo dia.

(e desta vez, não fui cauteloso ao me expor. deixei bem nítido o que eu queria dizer. para os poucos que conhecem este blog, ou para os poucos que digitam o meu nome no google e o descobrem. ou para mim mesmo apenas.)
excesso de solidão desfigura a solitude em uma face mórbida.
as companhias são mutáveis e poucas vezes fixas.

sou desintegrado pela falta de companhia e de cúmplices, resultantes de um passado nômade e inerte, que são resultantes de escolhas mal feitas há cerca de dois anos atrás.

noites de final de semana tornam-se quase que insuportáveis em casa e quase que inabitáveis na rua. o novo sempre apresenta-se, porém nunca é alcançado.

sou feito de uma constante ilusão do que tais noites representam: a ilusão de algo ou alguém que dizime as tais das noites insuportáveis em casa.