29.10.08

"A Festa da Menina Morta", de Nachtergaele

um dos melhores filmes brasileiros recentes.. a fotografia é um primor, .. não sabia de quem era, e me vinha na cabeça o Walter Carvalho. curioso saber que foi feito por Lula Carvalho, filho dele...

um filme que vai além do tipico regionalismo ou excesso de elementos "brasileiros". é um belo estudo sobre a cegueira da fé, a força dos elementos invisiveis sobre uma comunidade... um filme forte, pelos temos abordados e pelo poder das imagens..

e pelo visto, nasceu um grande diretor com este filme. não só um ator famoso q foi fazer filmes, alguém que realmente conhece cinema e sabe utilizar as suas influências.
"24 city", de Zhang-ke

na linha de (e creio q superior) ao cinema do Eduardo Coutinho..

fotografia belissima, com cenas que exploraram bem a beleza da região (da natureza, das fábricas).. é uma espécie de falso documentário ou falsa ficção... um dos filmes menos pretenciosos entre os recentes que vi.. passa uma honestidade, quase que pura, pelos depoimentos dos entrevistados sobre a industrialização da região.. o último depoimento, da garota do "new beatle" (a foto q aparece na divulgação do filme) é extremamente emocionante, dá um valor e rumo muito maior para o filme; assim como da "Pequena Flor", sobre seus casos amorosos frustrados..

é um filme que sabe achar vida em um cenário tão inóspito e frio.

26.10.08

"Meu Winnipeg", de Maddin.

um dos melhores filmes que vi até agora... o diretor canadense Guy Maddin superando até o memoravel "a música mais triste do mundo"

este cineasta tem talento, e muito. talvez "o que falta" para ele é o nome dele ser mais conhecido, os filmes dele terem mais projeção... porque creio que ele é um dos cineastas que melhor sabe discutir e recriar linguagem no cinema atual.

o filme é uma mistura de biografia dele mesmo, misturado com uma análise minuciosa de vários aspectos da cidade onde ele foi criado (Winnipeg). no limiar do ser ficção ou ser documentário (e isso nem importa muito), o filme tem uma edição primorosa, fazendo lembrar a montagem do cinema soviético, em alguns momentos. e aliado ao constante estilo de recriação de cinema mudo que o Maddin faz em quase todos os seus filmes, é um belo filme "à margem" do que se vê na maioria dos filmes da Mostra: um filme que flui totalmente contra o excesso de realismo; é um filme que questiona o real e a si mesmo, o tempo inteiro.

24.10.08

"Sinédoque, Nova Iorque", de Kaufman.

brilhante, meu preferido na mostra até agora..
li uma crítica que é um filme que tem a formula ideal e elementos para "sucesso cult".. enfim, isso é um ponto que acho irrelevante e que muitos criticos se perdem... é, antes de tudo, cinema autoral de alto nível, em meio ao main-stream de hollywood..

achei tão brilhante por ser o tipo de viagem ou loucura que flui o filme inteiro, sem interrupção. ou seja, a preocupação de lógica ou fatos se ligarem caem por terra, tendo bem menos coerência do que "brilho eterno..", por exemplo. (quanto mais ele viaja em loucuras q só ele entende, melhor...) o que sobra são as emoções e frustrações do dramaturgo lidando com a passagem do tempo, desgaste do seu corpo, aliado ao desejo de ser lembrando por sua obra; chegando no limite de que uma criação pode chegar e consumir um escritor.

e com uma das melhores atuações da carreira do Philip Seymour Hoffman, é extremamente superior a "be kind, rewind".

e espero que o Kaufman continue se "repetindo", se for o caso. porque, junto do David Lynch, é um dos melhores e mais autoriais cineasta/roterista, do atual cinema norte-americano. anos luz na frente de Tarantino, entre outros..

14.10.08

que haja dias de verão, de trópicos mal formados, de uma sede inerte de compaixão.

refaço uma vida bípede, em nome de um possível controle de uma síndrome que está por ser abolida.