3.12.08

i left a huge part of myself in a distance age.

29.10.08

"A Festa da Menina Morta", de Nachtergaele

um dos melhores filmes brasileiros recentes.. a fotografia é um primor, .. não sabia de quem era, e me vinha na cabeça o Walter Carvalho. curioso saber que foi feito por Lula Carvalho, filho dele...

um filme que vai além do tipico regionalismo ou excesso de elementos "brasileiros". é um belo estudo sobre a cegueira da fé, a força dos elementos invisiveis sobre uma comunidade... um filme forte, pelos temos abordados e pelo poder das imagens..

e pelo visto, nasceu um grande diretor com este filme. não só um ator famoso q foi fazer filmes, alguém que realmente conhece cinema e sabe utilizar as suas influências.
"24 city", de Zhang-ke

na linha de (e creio q superior) ao cinema do Eduardo Coutinho..

fotografia belissima, com cenas que exploraram bem a beleza da região (da natureza, das fábricas).. é uma espécie de falso documentário ou falsa ficção... um dos filmes menos pretenciosos entre os recentes que vi.. passa uma honestidade, quase que pura, pelos depoimentos dos entrevistados sobre a industrialização da região.. o último depoimento, da garota do "new beatle" (a foto q aparece na divulgação do filme) é extremamente emocionante, dá um valor e rumo muito maior para o filme; assim como da "Pequena Flor", sobre seus casos amorosos frustrados..

é um filme que sabe achar vida em um cenário tão inóspito e frio.

26.10.08

"Meu Winnipeg", de Maddin.

um dos melhores filmes que vi até agora... o diretor canadense Guy Maddin superando até o memoravel "a música mais triste do mundo"

este cineasta tem talento, e muito. talvez "o que falta" para ele é o nome dele ser mais conhecido, os filmes dele terem mais projeção... porque creio que ele é um dos cineastas que melhor sabe discutir e recriar linguagem no cinema atual.

o filme é uma mistura de biografia dele mesmo, misturado com uma análise minuciosa de vários aspectos da cidade onde ele foi criado (Winnipeg). no limiar do ser ficção ou ser documentário (e isso nem importa muito), o filme tem uma edição primorosa, fazendo lembrar a montagem do cinema soviético, em alguns momentos. e aliado ao constante estilo de recriação de cinema mudo que o Maddin faz em quase todos os seus filmes, é um belo filme "à margem" do que se vê na maioria dos filmes da Mostra: um filme que flui totalmente contra o excesso de realismo; é um filme que questiona o real e a si mesmo, o tempo inteiro.

24.10.08

"Sinédoque, Nova Iorque", de Kaufman.

brilhante, meu preferido na mostra até agora..
li uma crítica que é um filme que tem a formula ideal e elementos para "sucesso cult".. enfim, isso é um ponto que acho irrelevante e que muitos criticos se perdem... é, antes de tudo, cinema autoral de alto nível, em meio ao main-stream de hollywood..

achei tão brilhante por ser o tipo de viagem ou loucura que flui o filme inteiro, sem interrupção. ou seja, a preocupação de lógica ou fatos se ligarem caem por terra, tendo bem menos coerência do que "brilho eterno..", por exemplo. (quanto mais ele viaja em loucuras q só ele entende, melhor...) o que sobra são as emoções e frustrações do dramaturgo lidando com a passagem do tempo, desgaste do seu corpo, aliado ao desejo de ser lembrando por sua obra; chegando no limite de que uma criação pode chegar e consumir um escritor.

e com uma das melhores atuações da carreira do Philip Seymour Hoffman, é extremamente superior a "be kind, rewind".

e espero que o Kaufman continue se "repetindo", se for o caso. porque, junto do David Lynch, é um dos melhores e mais autoriais cineasta/roterista, do atual cinema norte-americano. anos luz na frente de Tarantino, entre outros..

14.10.08

que haja dias de verão, de trópicos mal formados, de uma sede inerte de compaixão.

refaço uma vida bípede, em nome de um possível controle de uma síndrome que está por ser abolida.

9.9.08

"Entre as muitas maneiras de se combater o nada, uma das melhores é tirar fotografias, atividade que deveria ser ensinada desde muito cedo às crianças, pois exige disciplina, educação estética, bom olho e dedos seguros. Não se trata de estar tocaiando a mentira como qualquer repórter, e agarrar a estúpida silhueta do personagem que sai do número 10 de Downing Street, mas seja como for quando se anda com a câmara tem-se o dever de estar atento, de não perder este brusco e delicioso rebote de um raio de sol numa velha pedra, ou a carreira, tranças ao vento, de uma menininha que volta com um pão ou uma garrafa de leite."

8.9.08

"I'm dead. No, that's too melodramatic. I'm not dead. But I live without self-respect. I know it sounds silly and pretentious. Most people live without self-esteem. Humiliated at heart, stifled, and spat upon. They're alive and that's all they know. They know of no alternative. Even if they did, they would never reach out for it. Can one be sick with humiliation? Is this a disease we have to live with? We talk so much about freedom. Isn't freedom a poison for the humiliated? Or is it merely a drug the humiliated use in order to endure? I can't live like this. I've given up. I can't stand it anymore. The days drag by. I'm choked by the food I swallow, the shit I get rid of, the words I say. The daylight screams at me every morning to get up. Sleep is only dreams that chase me. The darkness rustles with ghosts and memories. Has is ever occurred to you that the worse off people are, the less they complain? Finally, they're silent even if they're living creatures with nerves, eyes, and hands. Vast armies of victims and hangmen. The sun rises and falls, heavily. The cold approaches. The darkness. The heat. The smell. They're all silent. We can never leave. It's too late. Everything's too late."

20.8.08

"Better to write for yourself and have no public, than to write for the public and have no self."


"Yes, it's necesary to break all rules. And to push imagination into the abyss... That's what I think, and I try to obey it. But not always with full satisfaction... I try to get better. I have a plan, but no arrival point. And I don't want it. (...) Todas las reglas existen para ser violadas. Otra vez."

11.8.08

"O trabalho de Lucas Romanholli é arrebatador. Daqueles que você não sabe bem o que dizer. Pois, a imagem em si é apenas uma parte do seu trabalho. As sutilezas de sombras, o enquadramento e os "objetos" registrados falam por si só. E nesse sentido, é a técnica ou o que se pode tirar dela que nos surpreende. No seu Flickr, sets, como reconstruction, descontruction e the dreams, misturaram na minha cabeça apenas palavras soltas: ficção, realidade, sonho, pesadelo, angústia, solidão..."

http://fotosite.terra.com.br/
"A fotografia estabelece em nossa memória um arquivo visual de referência insubstituível para o conhecimento do mundo.
Essas imagens, entretanto, uma vez assimiladas em nossas mentes, deixam de ser estáticas; tornam-se dinâmicas e fluidas e mesclam-se ao que somos, pensamos e fazemos. Nosso imaginário reage diante das imagens visuais diante das nossas concepções de vida, situação sócio ecônomica, ideologia, conceitos e pré conceitos.
Não obstante todo o conhecimento e experiência que temos acumulado diante de nossas vidas - que injetamos quando de nossa leitura das imagens - necessitamos ainda recorrer à imaginação. Por outro lado, somos seres carregados de emoção. E, felizmente nossas emoções não são programadas, nossas reações emocionais podem ser, em função dos estímulos externos, imprevisíveis. Ainda bem que é assim, caso contrário seriamos robôs, replicantes.
É por tudo isso que o conteúdo das imagens visuais provoca em cada um de nós impactos diferentes; em função disso, também, é impossível haver 'interpretações -padrão' sobre o que se vê registrado nas imagens.
A imagem fotográfica é o relê que aciona nossa imaginção para dentro de um mundo representado ( tangível ou intagível), fixo na sua condição documental, porém moldável de acordo com nossas imagens mentais, nossas fantasias e ambições, nossos conhecimentos e ansiedades, nossas realidades e nossas ficções. A imagem fotográfica ultrapassa, na mente do receptor, o fato que representa."

10.8.08

"All people know the same truth. Our lives consist of how we chose to distort it. "

"Tradition is the illusion of permanence."

"I'm a guy who can't function well in life but can in art."

6.8.08

"Camera art must be completely devoid of logic. The logic vacuum must be there so that the viewer applies his own logic to it and the work, in fact, makes itself before the viewer's eyes. So that it becomes a direct reflection of the viewer's consciousness, logic, morals, ethics, and taste. The work should act as a feedback mechanism to the viewer's own working model of himself."


"A arte da câmera deve ser totalmente destituída de lógica. O vazio lógico deve estar presente para que o espectador aplique a ele sua própria lógica e o trabalho, de fato, se forme diante dos olhos do espectador. Assim torna-se um reflexo direto da consciência, da lógica, da moral, da ética e do gosto do espectador. A obra deveria atuar como um mecanismo de realimentação para o espectador compor a maquete de si mesmo."

3.8.08

"Las fotos de Lucas Romanholli me recuerdan el mundo torcido por el sol de uno de sus paisanos, el escritor João Guimarães Rosa, creador y criador de un lenguaje nuevo, neológico, abrasivo, múltiple como la tierra brasileña y sus inacabables facetas.

Lucas, quien no por casualidad se hace llamar reconstruction, subvierte convenciones. Sin embargo, no es ésa su valentía. Lucas es valiente porque sueña y, como un rastreador, nos señala la senda para entrar en el sueño.

Tampoco es casual que administre uno de los grupos de fotografía más alucinados de Flickr: alan’s psychedelic breakfast, lema tomado del título de una canción del mejor disco de Pink Floyd, Atom Heart Mother.

Sostiene y ejerce la idea de que el arte “no es de ningún modo un objetivo, sino un punto de vista personal”, preñado de “insconstancia y extrañeza”. Por eso, porque está mareado de vida, prefiere la ambigüedad al realismo basto del documentalismo, la sugestión al simple auto de fe de la realidad.

Le he visto crecer de un manera prodigiosa, a una velocidad tan extrema que todos nos hemos quedado petrificados en su estela. En el camino lo ha roto todo, incluso su propia seguridad, para ofrecernos la vista sesgada, implosiva y surreal de lo cotidiano, el envés de lo que ven los ojos.

Sigo pensando en Guimarães Rosa, de cuyo nacimiento se celebra estos días el centenario (sin que en España, siempre tan ajenos a nuestros hermanos lusistas y brasileños, nos demos por enterados). Acaso Lucas haría suya esta formulación del autor de Grande Sertão: Veredas:

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens"

que chega a ser quase um choque, uma chaga...
a minha cólera dos deuses é ser aceito, querido, sentir que pertenco bem à algo.

(uma espécie de importância em oposição a pura transparência)

23.7.08

"Language is a virus from outer space."

7.7.08

que seja o tempo da queda, dos estrangeiros...
não me sinto apto, e talvez nem queira, trabalho em grupo.
escolho, assumo - me envergonho, me confundo - no individualismo de um trabalho a sós.

(e outra mudança de graduação...)
"eu fui à Floresta porque queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido."

19.6.08

"Preferimos a imagem ao objeto, a cópia ao original, o simulacro (a reprodução técnica) ao real. E por quê? Porque desde a perspectiva renascentista até a televisão, que pega o fato ao vivo, a cultura ocidental foi uma corrida em busca do simulacro perfeito da realidade. O simulacro, tal qual a fotografia a cores, embeleza, intensifica o real. Ele fabrica um hiper-real, espetacular, um real mais real, interessante que a própria realidade."

15.6.08

que seja a ausência do confessional;
que seja a ruína de me entregar a uma paixão imaterial.
"Sometimes they are a matter of luck; the photographer could not expect or hope for them. Sometimes they are a matter of patience, waiting for an effect to be repeated that he has seen and lost or for one that he anticipates."


"Photography is still a very new medium and everything must be tried and dare... photography has no rules. It is not a sport. It is the result which counts, no matter how it is achieved. "


"Most photographers would feel a certain embarrassment in admitting publicly that they carried within them a sense of wonder, yet without it they would not produce the work they do, whatever their particular field."

4.6.08

"(...) E à beira de sua mudez, estava o mundo. Essa coisa iminente e inalcancável. Seu coração faminto dominou desajeitado o vazio.
Era um tempo surpreendente. O homem afortunadamente nem sequer tentou compreendê-lo. Talvez o que houvesse nele fossem apenas ecos do que ouvira dizer. (...)
Na linguagem não havia uma palavra sequer que desse esse nome ao fato de, no agigantamento de si próprio, ele ter alcançado o alto da montanha. Então Martin disse alto:
- Aqui estou, disse ele, e no coração de alguma coisa."

19.5.08

"Visible things can be invisible, at first one sees them, and then not. Yet one knows they are there."

17.5.08

"Bem sei que há um desencontro leve entre as coisas, elas quase se chocam, há desencontro entre os seres que se perdem uns aos outros, entre palavras que quase não dizem mais nada..."
"Tudo o que há dentro de mim tende a voltar a ser tudo.
Tudo o que há dentro de mim tende a despejar-me no chão,
No vasto chão supremo que não está em cima nem embaixo
Mas sob as estrelas e os sóis, sob as almas e os corpos
Por uma oblíqua posse dos nossos sentidos intelectuais."

11.5.08

"Ô querido, não precisa de palavras. Até teu silêncio me faz bem. É só estar, por aí, por lá. É só estar."
"Aqui é dor, aqui é amor, aqui é amor e dor:
onde um homem projeta seu perfil e pergunta atônito:
em que direção se vai?"
não anda pairando a falta desta parte de mim mesmo que prefiro negar.
dai graças aos ateus. e louve a capacidade de escolher o que se quer lembrar.
"Não penso que se deva negar Maio de 68 ou esvaziá-lo, embora exista no mundo inteiro uma atitude conformista disposta a colocar esparadrapos em cima dos grandes problemas"

7.5.08

"Tender... and cruel... real... and surreal... terrifying... and funny nocturnal...
and diurnal usual... and unusual handsome as anyone... Pierrot le Fou!"

29.4.08

"My only objective, from the perspective of photography is to change people through my photographs. I shoot poverty, I shoot sufferings, and I shoot everything, that is painful. I shoot pain, to deliberately provoke a reaction and I shoot photos to shock people. It's shock, and only shock, that can change people and can shake them to face the reality and shrug selfishness.

I don't want poverty, I don't want anyone to suffer and hope a day will come when the world will be a new one. And I think it is my duty to change the world, in whatever way I can. But still, if there's anyone, who thinks, I am further exploiting poverty and the poor, then, well, be free to express the what, that arises from your heart."
"only a blind man can take a honest picture".

Brett Walker precisa ser lembrado. por gerações a fio.

26.4.08

"é preciso dizer sempre o que se vê. e, o que é mais difícil, é preciso sobretudo sempre ver o que se vê."

22.4.08

"300 dias são de um nada maior que qualquer rua ou estação cortadas pelo tempo."

20.4.08

minha própria redenção é o não haver.

12.4.08

"Nenhuma idéia brilhante consegue entrar em circulação se não agregando a si qualquer elemento de estupidez. O pensamento colectivo é estúpido porque é colectivo: nada passa as barreiras do colectivo sem deixar nelas, como real de água, a maior parte da inteligência que traga consigo."

6.4.08

com quantas os sonhos sórdidos?
a especulação travestida de companhia?


- que o nome era Letícia Maria?
- sempre dissimulação composta.

4.4.08

"No estado em que me achava, se viessem me avisar que eu poderia voltar tranquilamente para casa, que a minha vida estava salva, ficaria indiferente; algumas horas ou alguns anos de espera dá na mesma, quando se perdeu a ilusão de ser eterno. Não tinha mais amarras, estava calmo. Era, porém, uma calma horrível - por causa do corpo; enxergava com seus olhos, ouvia com seus ouvidos; mas não era mais eu (...) "

2.4.08

"Try again. Fail again. Fail better."
"Tem ansiado abandonar este tempo, este mundo, esta realidade, e entrar numa outra realidade que lhe seja mais adequada, num mundo intemporal. Pois faça-o, meu amigo, eu o convido a isso. Você já sabe onde se oculta esse outro mundo, já sabe que esse outro mundo que busca é a sua própria alma. Só em seu próprio interior vive aquela outra realidade por que anseia. Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo, não posso abrir-lhe outro mundo de imagens além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar, a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível seu próprio mundo, e isso é tudo.

Sem dúvida já terá adivinhado há algum tempo que o domínio do tempo, a libertação da realidade e tudo aquilo que deseja chamar de seu anseio não significam outra coisa senão o desejo de libertar-se de sua chamada personalidade."

1.4.08

(antes o mundo vago, informulado).