5.7.10

"Para que haja a arte, para que haja a ação ou uma contemplação estética qualquer, é indispensável uma precondição fisiológica: a embriaguez. É mister que a embriaguez tenha aumentado a irritabilidade de toda a máquina; sem isso a arte é impossível. Todos os tipos de embriaguez, ainda que estejam condicionados o mais diretamente possível, têm potência artística, e acima de todos, a embriaguez da excitação sexual, que é a mais antiga e primitiva forma de embriaguez. Da mesma forma, a embriaguez que nasce como conseqüência de todo grande desejo, de toda e qualquer afecção forte; a embriaguez da festa, do combate, dos atos de bravura, da vitória, de todo e qualquer movimento extremo; a embriaguez da crueldade; a embriaguez da destruição; a embriaguez produzida por certas condições meteorológicas, por exemplo, a embriaguez primaveril; ou a embriaguez produzida pelos narcóticos; por fim, a embriaguez da vontade, a embriaguez de uma vontade acumulada e dilatada.

O essencial na embriaguez é o sentimento de plenitude e de elevação da força. Sob a influência desse sentimento, nos abandonamos às coisas, obrigamo-las a nos tomar, as violentamos (...)."

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