17.8.10

"Há dois ou três anos, vivo num "sabor" diferente: como corpo estranho, e por esse mundo assim definido, tomo consciência da situação muito lentamente (...). Estou em meio a uma vida feita toda de músculos, virada pelo avesso como uma luva, que se explica sempre por uma daquelas canções que antes eu detestava, vida absolutamente desprovida de sentimentalismos, em organismo humanos sensuais que chegam quase a mecânicos (...) e nos quais o egoísmo assume formas líticas, viris (...). No mundo setentrional, onde vivi, havia sempre, ou ao menos assim me parecia, na relação entre os invidivíduos, uma sombra de piedade que se traduzia na timidez, no respeito, na angústia, na transferência afetuosa etc. Para se vincular numa relação amorosa, bastava um gesto, uma palavra. Prevalecia o interesse pela interioridade, pela bondade ou maldade que há dentro de nós (...). Aqui, entre esta gente, muito mais tomada pela irracionalidade, pela paixão, a relação é, por sua vez, muito bem definida e se baseia em fatos concretos: desde a força muscular até a posição social."

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