31.3.10
"I like really old films. You can really see what the world looked like, thirty, fifty, a hundred years ago. You know the clothes, the telephones, the trains, the way people smoked cigarettes, the little details of life. The best films are like dreams you're never sure you've really had. I have this image in my head of a room full of sand. And a bird flies towards me, and dips its wing into the sand. And I honestly have no idea whether this image came from a dream, or a film. Sometimes I like it in films when people just sit there, not saying anything."
27.3.10
"Esse era o meu problema e o meu desafio: aprender a viver e a desfrutar dentro de mim. E a questão não é simples: hindus, chineses, japoneses, todos os que têm culturas milenares, dedicam boa parte do seu tempo a desenvolver filosofias e técnicas de vida interior. Mesmo assim, todo ano se suicidam no mundo uns tantos milhares de pessoas, esmagadas por sua própria solidão. E não é que o sujeito escolha ficar sozinho. É que, pouco a pouco, vai-se ficando sozinho. E não há remédio. É preciso resistir. Chega-se a uma imensa planície deserta e não se sabe que porra fazer. Muitas vezes se pensa que o melhor é não pensar muito em si mesmo e na maldita solidão, que fica mais aguda quando se está isolado e em silêncio. Bom, pois é preciso entrar em ação. E a gente sai por aí. Em busca de (...) Não sei."
"Em algumas ocasiões, era tão horrível para mim ir à repartição que eu chegava ao ponto de, muitas vezes, voltar doente do trabalho. Mas, de repente, sem mais nem menos, começava uma fase de ceticismo e indiferença (comigo tudo acontecia em fases), e eu mesmo começava a rir de minha intolerância e minhas aversões e censurava a mim mesmo pelo meu romantismo. Num determinado momento, não queria falar com ninguém; em outro, não só procurava conversa com alguém, como até mesmo decidia tornar-me seu amigo. De repente, sem mais nem menos, toda a aversão desaparecia. Quem sabe ela nunca tivesse existido realmente em mim, e fosse apenas pose tirada dos livros? Até agora não solucionei essa questão."
23.3.10
"do the elderly couples still kiss and hug and grab their big wrinkly skin... "
(...)
"in my dream you picked my leg, and made me so happy."
um dos filmes que mais me tocaram recentemente foi um curta de 30 minutos de um diretor que eu andava desacreditado.
quase que com pura precisão, vi um relance da maioria dos meus sonhos diários. e ao acordar, a subjetividade de Animal Collective. na primeira música que conheci deles.
19.3.10
sou feito da personalidade que escolhem que eu seja do que de fato sou.
quaisquer movimentos bruscos de aproximação,
a linguagem é dizimada e elas tornam-se mudas.
em uma incomunicável passagem entre o íntimo e o estranho,
transita-se um campo quase abstrato de nunca existir afirmações, apenas hipóteses.
o denominador em comum:
permaneço alheio e estranho.
(constantemente vago, porém menos inquieto)
15.3.10
"A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação. O que sinto, na verdadeira substância com que o sinto, é absolutamente incomunicável; e quanto mais profundamente o sinto, tanto mais incomunicável é. Para que eu, pois, possa transmitir a outrem o que sinto, tenho que traduzir os meus sentimentos na linguagem dele, isto é, que dizer tais coisas como sendo as que eu sinto, que ele, lendo-as, sinta exatamente o que eu senti. E como este outrem é, por hipótese de arte, não esta ou aquela pessoa, mas toda a gente, isto é, aquela pessoa que é comum a todas as pessoas, o que, afinal, tenho que fazer é converter os meus sentimentos num sentimento humano típico, ainda que pervertendo a verdadeira natureza daquilo que senti.
Tudo quanto é abstrato é difícil de compreender, porque é difícil de conseguir para ele a atenção de quem o leia. Darei, por isso, um exemplo simples, em que as abstrações que formei se concretizarão. Suponha-se que, por um motivo qualquer, que pode ser o cansaço de fazer contas ou o tédio de não ter que fazer, cai sobre mim uma tristeza vaga da vida, uma angústia de mim que me perturba e inquieta. Se vou traduzir esta emoção por frases que de perto a cinjam, quanto mais de perto a cinjo, mais a dou como propriamente minha, menos, portanto, a comunico a outros. E, se não há comunicá-la a outros, é mais justo e mais fácil senti-la sem a escrever."
11.3.10
5.3.10
28.2.10
23.2.10
20.2.10
18.2.10
4.2.10
"Tudo parece que é ainda construção mas é ruína..."
cansaço demais deveria extravasar pelos poros, e tornar a pele líquida.
os tecidos também sucumbiriam, e restariam apenas a desolação dos ossos.
(que em tais momentos, sinto isto e não tenho a quem exprimir)
ou por apenas excesso de puro azar, ou que não nasci muito pra isto.
e sou impedido de uma certa normalidade em ter romances, e toda a beleza que sinto que acompanha. uma tal beleza que também extravasa os poros, mas que não é líquida, é sólida.
vou sendo consumindo por ilusões e a minha idade torna-se um símbolo do que eu deveria viver, e não vivo.
restam apenas as tais das noites insuportáveis: o único realismo que define um cotidiano entorpecido e desolado.
30.1.10
"There is no intensity of love or feeling that does not involve the risk of crippling hurt. It is a duty to take this risk, to love and feel without defense or reserve."
"All love is expansion, all selfishness is contraction. Love is therefore the only law of life. He who loves lives, he who is selfish is dying. Therefore love for love's sake, because it is law of life, just as you breathe to live."
nenhum abismo é alcançado sem riscos: o confrontamento das inseguranças, ansiedades e (mais) noites insones. sem abismos, restariam apenas avenidas e ruas planejadas, e a tal da solitude disforme.
há meses que não opto mais pelo isolamento, há meses a futura certeza de um amor novamente possível e duradouro.
(que o concreto primeiro surge na projeção e idéia que é feita de algo)
10.1.10
"A solidão desola-me, a companhia oprime-me. A presença de outra pessoa descaminha-me os pensamentos; sonho a sua presença com uma distracção especial, que toda a minha atenção analítica não consegue definir."
além da cruel constatação de que somos todos sozinhos, sendo a morte da consciência o maior exemplo disto, não acho assim tão plausível a tal da solidão plena e independente. em muitos casos, creio que há falsas personas, uma necessidade de mostrar-se independente perante o mundo. de pessoas que criticam os solitários angustiados, sendo que muitos dos que criticam também são gêmeos dos solitários angustiados. a diferença é que eles escolheram fazer uso do disfarce. ou da indiferença de si mesmos.
e mesmo com o entendimento do fato de que ninguém, ou nenhuma espécie de amante, preenche o relutante vazio (a ilusão dele ser preenchido é dizimado na fúria da adolescência), há angústia sim, em cotidiano sem romance, e sem companhia. sem pele alheia. e sem intimidade.
o maior exemplo vivo, na minha memória, foi a gradual perda da lucidez do meu avô, após a morte da minha avó. diferente dos que escrevem em blog ou que usam outros meios como forma de disfarce da angústia, ou da falta de alguém, meu avô clamava em alto e bom tom a ausência dela. pedia para que de algum modo ela o ouvisse. e todos da família ouviam e ficavam impotentes. sendo eu um deles. e ele acabou falecendo 4 anos depois, no mesmo mês do ano que ela havia falecido, e quase no mesmo dia.
(e desta vez, não fui cauteloso ao me expor. deixei bem nítido o que eu queria dizer. para os poucos que conhecem este blog, ou para os poucos que digitam o meu nome no google e o descobrem. ou para mim mesmo apenas.)
excesso de solidão desfigura a solitude em uma face mórbida.
as companhias são mutáveis e poucas vezes fixas.
sou desintegrado pela falta de companhia e de cúmplices, resultantes de um passado nômade e inerte, que são resultantes de escolhas mal feitas há cerca de dois anos atrás.
noites de final de semana tornam-se quase que insuportáveis em casa e quase que inabitáveis na rua. o novo sempre apresenta-se, porém nunca é alcançado.
sou feito de uma constante ilusão do que tais noites representam: a ilusão de algo ou alguém que dizime as tais das noites insuportáveis em casa.
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